O racismo, infelizmente, continua presente no dia a dia de vários brasileiros, à prova disso são as expressões racistas
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Palavras e expressões bastante usadas no português brasileiro podem soar inofensivas, mas carregam ideias racistas por trás, alguns exemplos são: a coisa tá preta, tinha quer ser preto, porque você não alisa o cabelo, até que esse preto é bonito e você é da cor do pecado, em pretinha.
Estamos vivendo um momento histórico em que a sociedade começa a reconhecer tanto legal como politicamente, a presença das populações de origem africana na formação da nação. Desde a década de 60, com o inicio do movimento dos direitos civis nos EUA, está sendo chamada atenção para a desigualdade nas relações étnico-raciais, propondo ações afirmativas para que o negro no Brasil também seja cidadão. Proibido por lei, no Brasil o racismo segue dissimulado no espaço público e se abriga com força nos domicílios.
Ações importantes foram conquistadas, tendo como exemplo a Lei 10.639/2003 que altera as diretrizes e bases da Educação Nacional, que institui o ensino da história afro-brasileira nas escolas.
O protagonismo negro e a luta contra o racismo tem crescido cada dia mais. O racismo continua muito presente entre os brasileiros até os dias de hoje. No ano passado, dados coletados pelo Fórum Brasileiro de Segurança Pública, comprovaram que dentre tantas pessoas assassinadas, 71% foram negros. Isso só nos faz pensar o quanto a violência está presente nos dias de hoje, principalmente para os afrodescendentes.
Mesmo que aos poucos, o protagonismo negro e a luta contra o racismo têm crescido cada dia mais. O racismo continua muito presente entre os brasileiros. Dentre as inúmeras barreiras enfrentadas por movimentos negros, estão as denominadas “expressões racistas”, que por muitas vezes passam despercebidas como um simples ditado.
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O núcleo tem o objetivo de se constituir como um centro de articulação na promoção de estudos afro-brasileiros. (Foto: Lucas Daniel) |
Sobre este assunto, a atual pesquisadora e ex-coordenadora do Núcleo de Estudos Afro-brasileiros (Neab) da Universidade Federal do Paraná (UFPR), Lucimar Rosa Dias fala sobre o quanto que essas frases são repercutidas no cotidiano brasileiro, e como evitar que o racismo esteja presente dentro das universidades.
“As novas mídias, as redes sociais, ajudam a dar uma ressonância maior às situações que essas pessoas vivem. Tem muitas pessoas que se rebelam contra a discriminação em determinadas palavras. Mas ao mesmo tempo estamos vivendo, no Brasil, uma reafirmação do racismo”.
A lei Áurea, lei que aboliu a escravatura no Brasil, completou 131 anos. Mas a carga histórica, imposta pelo período de escravidão, permanece até os dias atuais.
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O trabalho do historiador inclui analises minuciosas dos documentos que permitem o estudo do passado. (Foto: Lucas Daniel) |
O professor do Departamento de História da UFPR, Carlos Alberto Lima, que atua em História do Brasil Colônia e História da América, diz o que essas nomenclaturas racistas carregam em seus significados. “Essa ideia de subordinação entre as pessoas, não só através da prática, mas por meio da linguagem, também é chamada de racismo com atitude. A maneira como as categorias do racismo se comportam e como se usam essas categorias. Isso tem relação com o debate em nosso contemporâneo”, conta.
“Colocar o debate dentro da universidade para que as próprias pessoas negras possam entender o porquê do racismo e fomentar as causas. Não para educar pessoas brancas, e sim, para se auto educar e passar informação”
Segundo Mônica Santos, co-fundadora do “Coletivo Comunica Black”(o primeiro coletivo composto só por negros dentro do setor de comunicação da UFPR), destaca que a solução para todo este contexto racista está nas nossas mãos. Nós, como um todo, independente de cor ou etnia, juntos, lutando por um mundo melhor.